No avião

O overbooking é um pesadelo ou significa viajar de borla?

overbooking

As últimas imagens do passageiro a ser expulso de um avião, dão a imagem dos overbookings nas companhias aéreas serem um pesadelo, onde há sangue, suor e lágrimas envolvidas.

A partir de agora, com esta “publicidade” ao overbooking, os passageiros que ouvirem esta palavra no momento do check-in, vão desatar a fugir.

Na verdade, é um processo (na maior parte das vezes) pacífico. Pacífico, não feliz. Isto porque ninguém gosta que lhe mudem os planos á última hora. O ser humano é adverso á mudança. E a coisa piora, quando a mudança lhe é imposta e, por uma coisa pela qual pagou.

Na maioria dos voos com esta característica, quando o overbooking ocorre na classe económica, escolhe-se um passageiro que tenha cartão de milhas (quantas mais milhas, melhor) e coloca-se na classe executiva. E ninguém dá por nada. Todos ficam felizes: passageiro que não fica em terra, passageiro que vai agora em executiva sem gastar mais 1 cêntimo, e a companhia aérea, que vendeu mais um lugar.

Mas, e se o overbooking for a forma de viajar de borla? Não soa melhor?

Imagine ainda, que gastou 100€ num bilhete e por ficar á espera do voo seguinte, recebe 300€ de indeminização? Além de voar de borla, ainda recebe dinheiro extra.

Então, o overbooking que parece um pesadelo, pode ser afinal algo bem vantajoso. E para todos.

Há passageiros frequentes que conhecem muito bem o overbooking, e sabem aproveitá-lo, contabilizando muitas viagens a custo ZERO.

O overbooking foi, até terem mostrado aquelas imagens do passageiro a ser arrastado para fora do avião num voo da United Airlines, um segredo das companhias aéreas, mais ou menos bem guardado. Não é ilegal, ao contrário do que se pensa.

Na verdade é um overselling, ou seja a companhia aérea vende mais bilhetes do que os lugares que o avião tem.

Porquê?

Tudo começou nos anos 90. Até então, a taxa de ocupação dos voos era de cerca de 60%. Os passageiros que desistiam de viajar, pediam reembolso do bilhete e tudo era tranquilo. Após a mudança na regulamentação aérea ocorrida nesta década, com uma menor intervenção dos Estados no controlo das tarifas e ofertas, a globalização e a  introdução de tarifas reduzidas, resultou numa procura maior do que a oferta. E os passageiros que desistiam, chamados no-show, passaram a ser um problema para as companhias aéreas, pois os lugares não vendidos equivalem a prejuízo.

É aqui que entra o overbooking. Na realidade é uma estimativa dos passageiros que poderão não viajar, rentabilizando estes lugares. Assim o avião vai sempre cheio, e há um maior lucro.

O overbooking significa, na prática, que o passageiro reservou o bilhete, pagou e até escolheu o lugar. E, ao chegar na hora marcada, não pode embarcar porque a companhia aérea vendeu mais lugares do que aqueles que tem. Ou pode ter tido uma avaria, e o único avião disponível para fazer aquele voo, é um avião mais pequeno. Ou ainda, um atraso num voo mais cedo que gerou uma procura maior de lugares para o seu voo.

As companhias aéreas têm profissionais a trabalhar em estatísticas e tarifas, que “jogam” com a imprevisibilidade e decidem quantos lugares podem ser vendidos á custa dos passageiros que não vão viajar de iniciativa própria. É uma matemática muito complexa, mas que na maior parte das vezes bate certo e gera milhões em vendas, comparativamente ao dinheiro gasto nas indemnizações dos passageiros afectados no overbooking.

Como usar o overbooking para viajar de borla?

Muitas vezes no momento que o check-in abre, a companhia já sabe que tem de escolher passageiros para ficar em terra. E coloca um anúncio no balcão.

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fonte: my tour du monde

Quando vir um anúncio destes, pode voluntariar-se para ser o passageiro escolhido para receber indemnização. Recebe também hotel e refeições.

Imagine que está no México, e o voo é semanal. Ganha uma semana extra de férias á borla, tudo incluído.

Mesmo que o voo seja dali a uma horas, um valor é igualmente pago, pelo transtorno.

A companhia aérea prefere sempre um passageiro que se voluntarie, do que escolher um á sorte, pois este pode fazer um grande alarido, ficar aborrecido e reclamar.

Os dias de maior probabilidade de ocorrer overbookings, são junto aos feriados, ou épocas de festivas como a Páscoa ou Natal, pois é mais difícil desistir de viajar e não ver a família, etc.

Não tem relação com época alta ou baixa, pois em tarifas baixas também ocorre devido ás compras por impulso: “Olha Paris por 20€! compra para a família” e depois, perante o que vai gastar na viagem, desiste porque só perde 60€.

Caso esteja entre os passageiros escolhidos para desistir do voo, nunca se esqueça de guardar todos os recibos do que consumir, e tome nota dos valores acordados e tudo o que se lembre: nome do hotel, contacto da companhia aérea, etc.

Se algum dia for o escolhido para desistir da viagem, e tiver um compromisso inadiável, como um casamento. Faça prova disso e reclame directamente na companhia aérea.

Se for trabalhar no dia seguinte e não pode perder o voo, faça bem as contas 😉 pode compensar desistir do voo.

Passageiros a viajar com crianças, só serão colocados fora do voo, se forem voluntários. Prioridade para as crianças.

Bons passeios!

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