Este blog de viagens com crianças está quase a comemorar um ano. Tem sido uma aprendizagem e uma partilha que nunca poderiamos imaginar que fosse acontecer. “Onde andam os Duarte?”, virou um cumprimento, do género “Então? Tudo bem?” quando amigos e conhecidos nos encontram na rua #loveit! Ter este lado da vida exposta, leva a comentários, opiniões e milhões de perguntas que vamos respondendo o melhor que sabemos. Muitas pessoas vêm contar-nos qual o seu próximo destino, porque sabem que o tema é sempre hiper bem vindo, trocamos ideias, dicas, e entre um café e dois dedos de conversa, surgem mais ideias de passeios para ambas as partes.
O tema dos bebés e crianças em viagem, é o que lança as discórdias! Não costumamos perder muito tempo a convencer quem não tem a miníma vontade de levar as crianças a viajar. Gostamos particularmente dos indecisos, quer dizer que a vontade está lá e só precisam de um empurrãozinho para descomplicar. E quem leva as crianças para todo lado, são a nossa tribo!
Ontem caiu-me esta frase “no colo”: “Não digas à minha filha que levas o miúdo de viagem, se não ela fica triste!”, e, ou eu estou mesmo a precisar de férias e perdi a noção de tudo, ou esta pessoa pretende nunca cruzar os caminhos das nossas crianças… Eu até posso jurar que não digo nada, mas não posso impedir o turista fala-barato de 3 anos de contar uma qualquer história, para ele está tudo interligado e não tem noção de tempo e espaço e conta histórias mirabolantes.
Ai ai ai, isto não pode correr bem… Um lado meu fica com pena da miúda (tem 13 anos btw), e o outro fica com pena dos pais.
Porquê porquê porquê?
Achar complicado (xixis, comida, fraldas, sono…), imaginar uma centena de doenças, pensar que não vão descansar, não ter orçamento, até compreendo tudo, é normal. São problemas que não conseguimos relativizar e que nos impedem de sair. Mas saber que a criança fica triste e conseguir disfrutar. Como conseguem?
Apartir de certa idade, as crianças começam a expressar tristeza quando os pais se ausentam. Se as ausências forem para trabalhar, ou outra tarefa, de alguma forma eles entendem. Mas ver os pais partirem para férias, coloca-os cheios de dúvidas sobre o seu lugar na família: “Porque se vão divertir e eu não estou incluído?”
Viajar abre uma série de oportunidades de experiências para além da vida do dia-a-dia, e estas experiências ficam gravadas ao longo da vida. O principal motivo é por serem, exactamente, experiências únicas! Se todos os dias vão brincar ao parque, como podem distinguir uns dias dos outros? Quando lhes perguntamos o que fizeram hoje na escolinha, respondem: “NADA!, nada, leia-se nada de diferente dos outros dias: brincaram, fizeram ginástica, comeram e dormiram.
A memória é como um músculo que se molda, e a forma de o fazer é a falar das experiências especiais com os miúdos. Acompanhar o seu discurso, acrescentando pormenores e detalhes, vamos ajudar a desenvolver a memória organizando experiências e criando uma narrativa. Esta é uma habilidade que está subjacente à alfabetização, então, quando as crianças começam a aprender a ler, elas já sabem como organizar uma história, só falta saber escrevê-la.
Sabemos que não se irão lembrar de todas as viagens, especialmente se muito pequenos, mas é muito bom saber que os momentos mais significativos ficam registados como memórias felizes. E tal como outros pais que partilham as mesmas ideias, achamos que as crianças trazem dos passeios/viagens muito mais do que memórias. Fazemos parte de um grupo de pais que trabalham arduamente e que não querem esperar pelos 50 anos para fazer a “viagem de uma vida”. Queremos levar deste mundo várias “viagens de uma vida”, com os nossos filhos.
Bons Passeios!
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