Descobrir a natureza, experienciar diferentes culturas, apreciar culinária diversificada e, acima de tudo, simplesmente sair do envolvente quotidiano. Viajar despoleta todos os nossos sentidos. E especialmente para o desenvolvimento dos nossos filhos, estas influências são extremamente importantes.
Viajar com crianças é isto tudo, e muito mais.
Se nós tivéssemos um euro pelo número de vezes que, amigos e família olharam para nós e exclamaram “Porque levam o miúdo para todo lado? Não se vai lembrar de nada e não descansam um único minuto!“, já teríamos um mealheiro para uma volta ao Mundo… com o mini-viajante!
Claro que o que está nas entrelinhas destes comentários, é esta ideia de que viajar é perda de tempo para as suas mentes frescas. Que a única coisa que terão, será as fotografias para verem quando crescerem. Que eles nunca se lembrarão de ter feito uma caminhada em Sigiriya-Sri Lanka, que andaram a saltitar nas águas na Ilha do Sal, ou que subiram os 272 degraus das Batu Caves ao colo. Que os benefícios de viajar só se refletem em adulto, e que, até lá não tiram nenhum proveito nem se divertem. Que o dinheiro investido para viajar é, de alguma forma, um desperdício.
Por esta ordem de ideias, também não liamos uma história ao deitar ou íamos andar de bicicleta ao pôr do sol. Para quê? Não se vão lembrar mais tarde, do que era a história, ou se estava sol ou chuva.
Com as viagens é igual! Trata-se de experiências e de construir memórias juntos. Certo?
Queremos tanto que se lembrem do aconchego antes de dormir, como de passear seja onde for. Esta parte vão lembrar, como nós nos lembramos de tantas coisas da infância. Claro que as viagens não são de borla, como o colo, mas não tem preço o número de oportunidades de aprendizagem que irão moldar o carácter do nosso filho, especialmente nas crianças pequenas (até aos 6-8 anos).
Aqui fica, porque viajar com crianças nunca é uma perda de tempo:
(6 razões)
1- As viagens destacam os marcos de desenvolvimento da criança
Os bebés aprendem desde o momento em que nascem. As viagens ajudam as crianças a experimentar um vasto leque de visões, cheiros, sons, cores, caras e linguagens desde cedo.
Nós lembramo-nos que o pequeno turista estava a largar as fraldas numa viagem à Malásia (nunca procuramos tantos WC de urgência na vida); que deixou a chucha, definitivamente, de livre vontade no dia seguinte após chegar de Milão (impossível esquecer o ar de pânico da mãe); e que tinha começado a falar quando estivemos nos Açores (vacas soava a cacas).
2- As viagens estimulam bastante a adaptabilidade
Crianças pequenas que ficam expostas à novidade, como sendo uma coisa “normal”, permite-lhes que sejam flexíveis nos seus hábitos. Mudanças de planos, lugares ou de ideias, não os assusta e agem naturalmente. Se tiverem de comer comidas diferentes, sem a habitual cadeira alta, não conduz a birras. Dormem no carrinho, no avião, no hotel, tão bem como nas suas camas em casa.
Trazendo para o quotidiano: mudanças de escolas, planos de fim de semana, jantares na casa dos amigos, dormir na casa dos avós, etc, é tudo encarado com normalidade.
3- As viagens ensinam que aprender palavras em várias línguas é uma forma divertida de conhecer o Mundo
Quando estamos num país de língua estrangeira, o Andrezinho quer logo aprender a dizer Olá. Ele percebe que pessoas diferentes, falam línguas diferentes. E como moramos num local turístico e frequentemente o pai fala línguas diferentes ao telefone, ele pergunta que língua está a ouvir. Quer saber mais coisas.
4- Viajar mostra que todos parecemos diferentes, mas somos todos iguais
É uma bela maneira de ensinar sobre diversidade! Percebemos rapidamente que, a viajar é mais fácil ensinar sobre a diversidade que existe no Mundo.
Se uma criança olhar em volta e perguntar porque ali as pessoas são mais escuras ou mais claras, no meio envolvente é muito mais simples explicar que há menos sol e que não há praia, por exemplo, e por isso as pessoas têm a pele muito branquinha.
No entanto, estão ali a fazer o mesmo do que todos nós no dia a dia: vão ao parque, às lojas, falam, riem e brincam.
Tentar explicar tudo isto, com um livro, ou ambicionando que a criança imagine um cenário que nunca viu, é muito mais difícil.
Se fizerem um amiguinho, as crianças vão abstrair-se totalmente das diferenças e reparar apenas no que as torna iguais: correr, falar (mesmo que não se entendam), nadar, etc, e que podem ser amigos se gostarem das mesmas coisas.
5- Viajar torna as crianças mais curiosas e aventureiras
As viagens incendiam a imaginação dos pequenos e encoraja-os a aderir a brincadeiras criativas, que são características que se desenvolvem na infância.
Estávamos um pouco nervosos quando fizemos um roteiro no Sri Lanka que envolvia muitas visitas a templos, e lugares que podiam ser enfadonhos para uma criança pequena. Foi nervosismo em vão.
Quando no primeiro templo fizemos o “Jogo de contar Budas”, a imaginação do pequeno viajante extrapolou para contagens de Budas de todos os géneros, em pé, deitados, sentados, e a cada templo a animação mantinha-se.
6- Viajar desenvolve o interesse na Geografia
Viagens com crianças pequenas, significa que existirão milhares de perguntas sobre estes temas. Muito cedo começam a desenvolver um melhor entendimento do seu ambiente e noção de que o Mundo é muito maior do que a sua casa e a sua escola.
Têm curiosidade em saber onde está a sua casa nos mapas, e se este ou aquele lugar, é perto; se podem ir a pé ou se é necessário avião.
O facto de se deslocarem muitas vezes de avião, faz surgir perguntas sobre o que se passa: para onde vão as nossas malas? onde está o piloto? onde está a cozinha?
Até perto dos 3 anos, as crianças não percebem que estão no ar, e que se estão a deslocar para outro sítio. Porém, a partir dessa idade é muito giro ver a reação deles com a descolagem, as nuvens, e o facto de saírem noutro lugar que não foi aquele em que embarcaram. Não tem preço!
Viajar com crianças nunca é uma perda de tempo. Não vamos negar que envolve uma lista de desafios. Como pais, aprendemos a ajustar as viagens a cada fase da vida dos nossos mini-viajantes, e as viagens perfeitas são, aquelas que mais memórias deixam.
Apreciar viajar com crianças está, em tudo, relacionado com a mentalidade e expectativa dos pais. Não esperem perfeição, planeiem alguns percalços no caminho. Esses desafios vão ser, no final, parte das boas recordações.
Criar mini-viajantes, é um desafio e pode ser cansativo, mas vale muito a pena.
Bons Passeios!
One Comment