É hora da sesta na Catembe. Estão mais de 30 graus.
Estamos em Moçambique há 10 dias e, o pequeno viajante tem dormido em média 3h30 de sesta. O calor dá moleza.
Hoje não quer dormir. Quer deitar-se, e, quer estar tapado. Dá voltas e mais voltas, : “Mamã, o Andé pode ir para a tua cama?”. “Podes. Anda lá!”
Assim que se encosta a mim, sinto-o quente. Penso: “Algo não está bem…”
Peço um termómetro a uma amiga e confirmo, o miúdo tem febre. Ok, 37,5, não é muito. Vamos vigiar.
Não tem mais nenhum sintoma: tosse, ranho, falta de apetite, prostração. Vamos aguardar.
Ponto da situação: estamos numa quinta no campo. Há um carro para nos levar a cidade, mas temos de passar no ferry. A distância não se faz em menos de 1 hora , até ao ferry. À noite não há barco.
A situação não está critica, mas sinto um desconforto no estômago. Há uma ideia que não me sai da cabeça: MALÁRIA.
Verbalizo o medo. A minha amiga chama-me à Terra: não tem picadas de mosquitos e a malária tem duas semanas de incubação. Vamos aguardar.
Dia seguinte, mais febre. Sem paracetamol a febre sobe para 38,8. O nervoso também sobe. Hoje não vai a praia, fica resguardado do sol.
Terceiro dia de febre. Está decidido, não vamos esperar 3 dias completos para ver o que acontece.
Fizemos um seguro de saúde de viagem. Sabemos onde nos dirigir. Uma amiga acompanha-nos. Vamos a uma Clínica.
O pequeno viajante está animado, brinca com o médico. O médico vê o André de ponta a ponta.
Um enfermeiro aproxima-se com um embrulhinho de papel mata-borrão na mão, e pede para despir a T-shirt do menino.
Não sei que cara eu tinha, mas o Sr. apressou-se a dizer que não lhe ia tocar! De dentro do embrulhinho saem umas compressas amareladas… borrifa de álcool… “Mãe ponha isto debaixo dos braçinhos dele, é para baixar a febre”
Respira fundo mãe.
O médico não quer fazer o teste da malária ao mini viajante. Por vários motivos:
- não estamos no país há tempo suficiente para a doença se manifestar.
- Depois, estamos a fazer a profilaxia, o mais certo é o teste dar um falso negativo.
- Em terceiro, não está com “ar de doente”.
- E por último, nunca picaram o miúdo, e ele (médico) não o queria fazer passar por isso, sem realmente ser necessário.
O diagnóstico foi: nada. O André Duarte não tem nada. “Dê paracetamol quando houver febre e volte cá se o achar abatido ou com falta de apetite”.
Não sei bem o que sinto… se alivio ou ainda mais preocupada. Decido respirar fundo e aguentar mais uma noite acordada a medir a febre. Fico na cidade, e isso dá-me alguma paz.
No quarto dia, não há febre. E não voltou.
Fica a lição: a nossa felicidade vem das pequenas coisas, mas acima de tudo vem da segurança.
A segurança, vem da facilidade com que resolvemos os nossos problemas.
Num dia normal em casa, após 2 dias de febre, pegamos no nosso carro, conduzimos um pequeno percurso até ao hospital onde somos atendidos na nossa língua e, sentimos segurança. Compramos os medicamentos na farmácia da esquina e voltamos para a nossa cama. Seguros.
Em viagem, a nossa segurança pode ficar fragilizada.
É importante viajar com um seguro!
Mas, o imprevisto e a necessidade de reagir conforme o momento e a situação, é o que nos faz ser tão felizes a viajar.
Bons Passeios!