Não temos caravana, mas isso não impediu que pudéssemos fazer um passeio numa “nova em folha”. A Marrocos! Alugámos aqui: autocaravanasfauca.
Veja o vídeo: Marrocos de Autocaravana
Imaginávamos que fosse mesmo giro. E, de facto, todas as nossas expectativas foram superadas.
Para quem tem crianças, as vantagens são imensas:
– Papá tenho fome! – abre o frigorífico, sai o lanche.
– Mamã tenho xixi! – WC sempre disponível.
– O André quer dormir! – cama sempre feita.
– Está a chover! – ficamos em “casa” um bocadinho.
– Está sol! – abrimos as cadeiras e a mesa na rua.
É como comprar o voo e o hotel, 2 em 1.
É o ideal para conhecer vários locais em uma só viagem, sem o transtorno de andar de transportes e marcar vários hotéis.
O pequeno viajante tem 2 anos e 8 meses, e, DE-LI-ROU com a caravana.
Desde que voltámos, pergunta por ela todos os dias.
É, sem dúvida, experiência para repetir.
Este foi o percurso que fizemos. Foi bastante bom, mas não contávamos com um tempo tão agradável (a previsão não era tão positiva), e ficámos com pena de não ter mais 2 ou 3 dias só para ficar a relaxar na praia.
Tentámos que o tempo de condução, nunca ultrapassasse as 3 horas por dia.
Dia 1
Percurso inicial: Sevilha – passar no ferry de Tarifa – Tânger – Asilah
Passar no ferry, por si só, já é uma aventura. E demora imenso tempo.
A vantagem de estar numa caravana é: podemos almoçar, enquanto se espera.
Já lá dentro, é necessário tratar dos vistos para entrar em Marrocos. Há um balcão especifico para tal, e toda a família tem de estar presente para que confiram as fotos dos passaportes.
Dormida em Asilah.
Dia 2
Passeio em Asilah. A medina é pequena, mas lindíssima e praticamente dentro do mar.
Cerca da hora do almoço, voltámos à estrada, a caminho de Bouznika, e conduzimos cerca de 3 horas.
Almoçámos num parque de piqueniques, no caminho.
Tínhamos como destino a praia de Bouznika, para fazer surf. Mas estava um grande vento.
Parámos, demos uma volta, lançámos o papagaio de papel do Andrezinho e comprámos marisco ainda vivo a um pescador, para o jantar.
Levámos alguma comida de Portugal, para evitar perder tempo a procura de restaurantes, caso não desse jeito (por ex. sono do miúdo) ou, não nos apetecesse.
O pão marroquino é muito saboroso, e fácil de encontrar em qualquer vila.
A Tajine (prato tipico) também é facílimo encontrar, e muito barato.
Nas zonas piscatórias há sempre quem queira vender, o que o mar deu nesse dia, junto ás caravanas. Bem negociado, ficámos com peixe ou marisco, por 5€, para quatro adultos e uma criança.
Praia de Bouznika visitada, decidimos conduzir mais 3 horas para dormir em Casablanca e começar o dia 3 logo no local pretendido e ganhar tempo.
Estacionámos mesmo em frente a Mesquita Hassan II.
Dia 3
O dia amanheceu fresco, mas agradável. A primeira missão era comprar pão fresco e um pacote de papa para o Andrézinho, que come de tudo, mas lembrou-se da “papa de comer com colher“… não custa nada, fazer-lhe a vontade 🙂 Não estamos no fim do mundo, alguma havemos de arranjar.
Na primeira lojinha que encontrámos, pedimos em francês, a um Sr. com ar de avô:
– Queremos comida de bebé, daquela, de misturar com leite… Está a ver o que é?
– Sim Cerelac. Grande ou pequeno?
– Pequeno. Shukran.
Bem vindos a globalização! O mimo resolvido em 10 minutos.
Após pequeno-almoço fomos visitar a Mesquita Hassan II.
Já passeámos e vivemos num país muçulmano, mas nunca tínhamos visitado uma mesquita por dentro.
Não desta dimensão.
Esta mesquita está construída praticamente sobre o mar, porque segundo o Corão o trono de Deus era sobre a água.
Tem capacidade para 25000 pessoas a rezar ao mesmo tempo.
Pode-se visitar por 120DH, cerca de 12€. Crianças até 4 anos não pagam.
Não há palavras para descrever a grandiosidade deste monumento. A arquitetura árabe-muçulmana, é lindíssima, com um detalhe inigualável no Mundo.
Ainda fomos ao mercado na hora do almoço comprar fruta e pão, e comer qualquer coisa.
Aproveitámos o início da tarde para fazer a viagem rumo a Meknes, aproveitando a hora da sesta, que com o abanar da caravana, durava umas boas 2 ou 3 horas.
Estacionámos em Meknes num parque de caravanas. Convém sempre fazê-lo. Não para usar os balneários (fujam deles), mas para ter segurança durante toda a noite.
Dia 4
Começamos o dia com um café, e fomos a procura da medina.
As medinas, são a parte antiga das cidades e, o nosso local preferido.
Parece que em vez de chegarmos de caravana, voámos numa máquina do tempo e aterrámos em 1550.
As bancas de frutas e legumes são arcaicas, as senhoras vestem as mesmas roupas da época, toda a gente tem maus dentes, os ofícios tradicionais ainda funcionam com fila a porta: o sapateiro, o carpinteiro, talho com carne a céu aberto, o vendedor/matador de galinhas, o homem que aluga e leva o seu carrinho de mão com carga pelas ruas estreitas, etc.
É uma lição de história ao vivo.
A medina é gigante e optámos por usar o transporte local: cavalo com charrete, e assim, visitar as atracões principais.
Comprámos umas lembranças, uns pastéis de carne e voltámos já à tarde para a caravana.
Na praça central de Meknes, é onde circulam mais turistas. É, também, onde estão os encantadores de serpentes. O macacos vestidos para as fotos. Cavalos amestrados. E muitos restaurantes.
A 1 hora de distância, chegámos a Fes.
A tarde estava muito quente e ficámos num parque de campismo, onde montámos a “esplanada” e ali ficámos a descansar o resto do dia.
Dia 5
Tínhamos lido, em alguns blogues sobre Marrocos, que a medina de Fes era impossível visitar sem guia.
É demasiado grande, confusa, e labiríntica, e o mais certo é perdermos ou andarmos em círculos sem a noção em que zona estamos. E era, também, impossível estacionar lá perto a caravana.
Pedimos um guia para as 09:30 da manhã. O senhor não apareceu.
O parque de campismo tinha táxista. O táxista tinha um amigo guia. Claro!!
O guia, chamado Hussein, saltou da cama e em 15 minutos estava a nossa frente, já à porta da medina.
Homem sério, de poucos sorrisos que acha que o novo rei dá muita liberdade aos turistas, e ao povo. Começa a andar e a debitar informação, e lá fomos medina a dentro. Só responde às perguntas dos rapazes, as das mulheres ficam no vazio.
Desde fábricas de tecidos, a farmácias de produtos naturais, há de tudo.
Mas, a atracão principal são os curtidores de peles. Tal como, há 700 anos atrás, estes homens ainda esfolam os animais com uma faca, lavam as peles em fontes e saltam para dentro dos tanques para tingirem as peles.
História olhos adentro!
Esta medina era tão grande e encantadora, que foi com muita dificuldade que nos arrastámos de lá para fora.
Rumo a Chefchaouen. Foram 3 horas montanha a cima, com várias paragens para oferecer saquinhos de rebuçados e balões às crianças na estrada.
O caminho é tão bonito! não há palavras! vejam o vídeo: Marrocos.
Pensávamos que íamos encontrar deserto e camelos, mas nem um, nem outro. É muito verde, com paisagens de postal, muitos burros e mulas. Camelos nem vê-los. Quero dizer, vimos, mas só nos talhos.
Chefchaouen é o local mais bonito que conhecemos em Marrocos. A medina é tranquila, limpa e muito bem conservada. Abraçada pelas montanhas, esta vila toda pintada de azul, é dos locais mais pacíficos do Mundo.
Jantámos um tajine e um couscous, e mais uns bolinhos de amêndoa e fomos completamente encantados com este local, fazer uma viagem noturna até Tanger.
Optámos por fazer a viagem para Tanger de noite, porque precisámos mesmo de apanhar o ferry ás 10:00 horas da manhã. E isto quer dizer que temos de ir para a fila cerca de 3 horas antes.
Estacionámos no parque do porto de Tanger, que tem guarda noturno. O senhor informou-nos que ás 07:00 o portão abria e os carros podiam começar a alinhar na fila.
Dia 6
Ás 06:00 batem a porta da caravana. Era o guarda noturno: o portão abriu ás 06:00 horas porque já havia muitos carros a espera.
O pai Duarte levanta-se, e vai colocar a caravana na fila. Todos dormem.
Depois, pega nos passaportes de toda a gente e vai tratar de carimbar a saída, nos serviços de imigração. Mas, temos de lá ir todos mostrar as caras. Saímos de pijama, “É preciso trazer o miúdo? está a dormir” – “Não precisa”. Obrigado! Ganhou um lugarzinho no nosso coração. Deve ter filhos e sabe que, em criança que dorme, não se toca.
Voltámos para a caravana e vamos tranquilamente tomar o pequeno-almoço. São ainda 07:00.
08:00 horas, a fila anda a caminho do Raio-X. A caravana tem de passar no Raio-X e nós todos esperamos na rua com o pequeno viajante embrulhado numa manta. 15 minutos depois estamos de volta ao pequeno almoço.
De seguida, entra a polícia na caravana para inspecionar. O cão dele fica a porta. Quer ver os compartimentos debaixo dos sofás. Cinco minutos depois, o polícia estava satisfeito e foi-se embora.
Fomos alinhar na fila para entrar no ferry. Faltava 01:30 para a partida.
Ás 09:00 começa o embarque. É um autêntico jogo Tetris, mas tudo flui como por magia, entram autocarros, muitos carros, algumas caravanas, tudo arrumadinho no porão. Os passageiros vão todos no andar de cima, não podem permanecer nos veículos.
Ás 10:00, o ferry parte. É um passeio engraçado, mas o mar tem ondulação e a maior parte das pessoas não está bem disposta.
10:45 horas chegamos a Espanha.
Bons passeios!
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5 coisas a não perder nos Açores
3 Comments
Já visitei Marrocos e gostei tanto… tenho de convencer o meu marido a irmos todos (agora somos 3), mas ao ler a vossos descrição fiquei ainda com mais vontade de convencer o meu marido!
Boa tarde! É possível levar alimentos e água de Portugal? Não há problema na entrada em Marrocos? Obrigada pela ajuda.
Sim pode levar tudo. Nós levamos comida para muitas refeições, sumos, vinho, garrafões de água. Eles não vão ver nada disso 😉 boa viagem!