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Sigiriya – Quando percebes que a tua viagem é muito mais do que férias e lazer

sigiriya rock

Quem vai ao Sri Lanka, deve incluir uma visita a Sigiriya. Mais do que património da UNESCO, esta “rocha” foi, há cerca de 1500 anos, um palácio e um forte erguido nos céus, pelo rei Kassapa.

Sigiriya significa: Lion Rock, A Pedra do Leão

Imaginávamos que não seria fácil lá chegar a cima com uma criança de 3 anos. Embora se encontre na internet testemunhos de pessoas que se viram aflitas para trepar a “escadaria do inferno” (ingreme, alta, estreita e transparente), não percebíamos se seria possível com uma criança pela mão. Imaginando que não, optámos por levar o mini viajante às costas, bem preso e para isto é preciso 2 coisas: um pai que não tenha vertigens, nem problemas nas costas.
Check! Vamos lá!

Assim que chegámos ao local, percebemos logo que não ía ser simples, porque embora haja milhões de fotos do local, nenhuma dá verdadeiramente a dimensão da dita rocha e do espaço que a rodeia. Está calor, o que torna a caminhada mais difícil.

Compramos os bilhetes, certificamos que temos água e iniciamos a subida. Atenção, após a compra dos bilhetes já não há nenhuma infraestrutura onde comprar água ou ir ao WC, e, ir e voltar pode demorar várias horas, dependendo da forma física de cada um. Novos, velhos, mais bem preparados e pior preparados, toda a gente acaba por chegar lá. Só fica no caminho quem não consegue superar o medo.

Reservem um dia para visitar Sigiriya, e escolham iniciar o passeio cedo, pois não está tanto calor, nem tantas pessoas.

O caminho tem início nos jardins do palácio:

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Water Gardens – composto por um complexo sistema subterrâneo de distribuição de água. Esta rede fornece a água necessária às piscinas reais, fossos e fontes que ainda funcionam na época das chuvas. A meio da subida de Sigiriya, há um local onde se tem uma vista linda para estes jardins.

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Boulder Gardens – trata-se de uma coleção de grandes pedregulhos (boulders) colocados estrategicamente e ligados por uma série de caminhos sinuosos. Quase todos os pedregulhos tinham edifícios construídos em cima, e não eram só esteticamente bonitos, também eram usados para a defesa do palácio. Os pedregulhos podiam ser empurrados para os inimigos encosta abaixo sem aviso.

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Terraced Garden – é um jardim de escadas que sobe dos pedregulhos e termina em forma circular em redor de Sigiriya.

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Os frescos – Sigiriya Damsels
A meio da subida para o topo de Sigiriya encontra-se uma galeria de frescos pintados na rocha escarpada, a 100 metros do chão. Algumas pinturas estão em ótimas condições tendo em conta os séculos que já têm, e o locar onde estão (ar livre). O que mais impressiona é a altura onde se encontram e deixa toda a gente intrigada como chegavam as pessoas aquele lugar há 1500 anos atrás. Só existem agora 21 frescos onde já existiram 500. Não é possível tirar fotografias com flash.
E aqui começa o medo.

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Os frescos estão na face da gigante rocha. Por baixo, em muitos metros, não há nada.
Agarrada à rocha está uma escada de caracol em ferro, soldada, através dos degraus consegue-se ver o verde lá em baixo, mas já não se distinguem pessoas. Os visitantes sobem em fila indiana e a escada vibra. A mãe acha que não consegue subir. As pernas tremem, a mãos suam aos litros e a descarga de adrenalina fazem saltar as lágrimas, o que faz com que não veja nada. A escada é protegida por uma rede, e é um jogo psicológico: olha para o degrau, e não através dele, vai contando os degraus um a um até chegar. Consegue. Os frescos boa! e agora?? Agora desce tudo porque era isto, mas o caminho para o palácio não é por aqui!

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Parede de Espelho (Mirror Wall)
Conta-se que a pedra estava polida ao ponto do rei usá-la como espelho. Contém inscrições e assinaturas com mais de mil anos feitas por visitantes, que demonstram que já no seu tempo era um local espetacular visitado por turistas da época.

sigiria rock

A plataforma do Leão
Onde antigamente já houve um leão construído, hoje só existem as 2 colossais patas da frente e os primeiros degraus originais. A subida é feita pelo meio das patas pela atual escada.

sigiriya rock
A avaliar o que ainda ali está, parece que a escada original seria bem mais agradável de subir, pela largura e pelo facto de ser em tijolo, mas agora a única hipótese é esta: escada de ferro, com um corrimão e sem proteção de rede fechada até cima, como tinham os frescos.

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Não há crianças pequenas à vista. Estão centenas de pessoas a subir e a descer. O pai está positivo, aperta ainda mais um bocadinho o Andrezinho e vai á frente. A mãe vai devagar. Caramba tudo treme: joelhos, mãos, ombros… a um terço do caminho paralisa. Fila parada. Em 5 segundos aparece um homem, agarra-lhe no braço e literalmente reboca-a escada acima até ao topo. O homem faz daquilo o seu ganha-pão (ele e mais uns quantos distribuídos na escadaria), sobe a uma velocidade incrível. Não dá tempo para pensar, é subir! O homem deve ter lá ainda as marcas dos dedos cravadas nos braços.
Ufa ufa chegámos! O pai já lá anda todo sorridente, o André a pé, e a mãe ainda tem o homem agarrado ao braço, mas agora com a mão esticada para receber uma gorjeta. Eles pedem todos 50$, damos o que acharmos razoável, eles querem voltar para baixo rápido e rebocar mais uns quantos turistas.

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Há mesmo pessoas que não superam o medo da escada, e voltam para baixo. Há pessoas que vão o caminho aos gritos, a chorar, em choque, mas acabam rebocadas e chegam. Mas, a maioria consegue subir com apenas um friozinho no estômago.

O topo (Summit)
Lá em cima a vista é lindíssima, a 200 metros do chão. Vale mesmo o medo para lá chegar. Antigas piscinas semelhantes às endless pool que hoje há nos terraços dos hotéis, sugerem que Sigiriya foi muito mais do que um forte, era um palácio de prazer e descanso. O trono do rei estava ao ar livre virado para o sol nascente, numa área que sugere ter sido usada para meditação.
Posteriormente este palácio, onde agora só existem as fundações, serviu com mosteiro budista até ao séc.XIV, e foi depois abandonado.
Atualmente é a atracão mais visitada do Sri Lanka.

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Além de toda a parte histórica e de lazer de visitar este monumento, Sigiriya leva a histórias de superação. As pessoas à chegada sentam-se no chão e riem ou choram. Pessoalmente foi um desafio de família, onde o pai subiu aquilo tudo, num dia de trinta e tal graus, com o miúdo numa mochila às costas. A mãe tem vertigens, como sabem aqueles que seguem o blog há algum tempo (As viagens salvaram a minha vida), e no final a alegria de termos todos chegado lá em cima foi indescritível. Riamos que nem uns tontos! Ficámos por lá um tempo, tiramos fotos, comemos frutas e aproveitámos a paisagem para que ela ficasse bem gravada na memória.

Descer foi muitooooooooo mais fácil.

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Ver o vídeo: Aqui

Sigiriya

Bons Passeios!

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