O caminho para a felicidade pode ser visto de muitas formas
Durante sete dias, esse caminho foi composto por palmeiras, pelo som de pássaros com um cantar diferente do que estou habituado, por plantas com cores tão vivas que cheguei a duvidar dos meus olhos, por um calor constante, quase sufocante de não conseguir respirar, por uma sede incessante, um inadiável desejo de água. Pela fruta, que me fez repensar as definições de suculento e de água na boca. Pelo conforto de saber que, pelo menos durante uns dias, e passados oito anos, estava de férias, e ainda por cima nas Caraíbas.
Por uma vontade enorme de lá chegar: ao sítio onde mora a felicidade.
A vontade foi tão grande que engoli o meu medo de voar e tentei não me queixar (muito) durante as dezassete horas que passei dentro do avião.
A vontade foi tão grande que (quase) deu para ignorar aquele reggaeton que passava em todo o lado e em colunas de todos os tamanhos e feitios. Dia e noite. Pum tshi pum, pum pum.
A vontade foi tão grande que consegui dar a volta a uma paragem de digestão e a quase vinte e quatro horas de diarreia do viajante, ou catarro intestinal, ou ainda intestino do turista. Não sei qual dos termos se aplica melhor a mim, apenas sei que ninguém merece um calvário daqueles, mesmo alguém que, como eu, se encontrava a caminho da felicidade.
A vontade foi tão grande que quase me emocionava com um jardineiro a cantarolar amores de outrora.
Ao escrever estas palavras apercebo-me que, apesar de já ter voltado, de já estar no conforto do habitual, da rotina, do previsível, continuo no caminho. Apercebo-me que o sítio onde mora a felicidade não existe. É um código postal inválido. Apercebo-me que a felicidade não tem código postal e que, portanto, não tem morada.
Assim, chego à conclusão que o que importa é o caminho. Mas não só. Mais importante ainda é percorrê-lo com vocês, os meus dois grandes amores.
É o que me faz feliz.
