O pequeno viajante já foi a alguns países fora da Europa e, quando viajamos para um local onde a nossa fisionomia é realmente diferente, surge curiosidade. É normal. A nós também desperta curiosidade sobre os outros. Ele não estranha muito, porque normalmente são sorrisos ou ofertas de frutas. Mas nunca o que aconteceu no Sri Lanka.
Chegamos a Colombo (capital) onde ficámos 1 dia, e logo sentimos uma grande atenção para com o André. Nos templos há imensas excursões de senhoras idosas vestidas de Sári branco, cabelo entrançado e flor na orelha. Andam em grupo e cada vez que o André é visto, param todas a olhar, falam entre elas e os seus sorrisos enternecidos e meigos demonstram apenas admiração. Algumas ficam de lágrima no canto do olho. TODAS lhe querem tocar.
Um mar de braços morenos esticam na direção do mini turista ao mesmo tempo. Querem fazer-lhe uma festa no braço, na cabeça, no ombro ou na cara. Ele retrai-se, tenta esconder-se nos nossos colos e quer saber o que se passa. Explicámos que as senhoras têm curiosidade porque ele é diferente (mas ele não se sente diferente…e está na idade dos Porquês), menos moreno, o cabelo é mais claro, etc. Não precisa assustar-se, nem retribuir os toques e abraços, mas também não precisa fugir assustado. “Se te apetecer, fazes às senhoras um sorriso, combinado?” – “Combinado!”.
E seguimos para Dambulla, no centro do país numa zona mais rural, mas com uma grande importância religiosa e com muitos visitantes do próprio país. O mesmo cenário. Mas aqui, já visitantes mais novos passeiam pelos templos e fazem as caminhadas a pé. E estamos em plena era digital, e o que toda a gente tem nas mãos é: um telemóvel com câmara.
Este blog é público e contém fotos nossas, mas somos nós que as escolhemos, certo?
Sentimos telemóveis apontados a nós (ele) descaradamente. A primeira reação foi pedir às pessoas para não tirarem fotos, mas viramos a cara temos mais 3 telemóveis apontados… Neste momento temos 2 hipóteses:
1-Ir embora aborrecidos porque só com um chicote ou segurança, conseguíamos garantir que não haveria fotos. E mesmo assim há sempre o zoom… Não visitávamos nada e ainda amedrontávamos o miúdo.
2-Tentar pedir que não tirem fotos e relaxar porque no fundo, não passa de curiosidade. Estamos aqui para ver, é isso que vamos fazer.
Ver um casal com duas meninas muito loiras a passar o mesmo, deu-nos algum alento. Eles e nós, eramos os únicos europeus ali naquele momento.
Escolhemos a hipótese 2, mas não foi fácil. Chegámos a pensar que teríamos de mudar de planos: visitar os monumentos fora das horas de maior movimento, evitando as multidões. Não é fácil tomar conta de uma criança de 3 anos super energética, que se apanha descalça e com espaço para correr, novidades, grutas, caminhos, centenas de macacos soltos… e ainda vigiar desconfiados, pelo canto do olho, todos os turistas. Impossível.
O resto das semanas foi mais tranquilo. Havia sempre quem parava para olhar admirado, mas já nada que se comparasse ao que vivemos em Colombo e em Dambulla. O Andrezinho com o passar dos dias deixou de ligar, e de estranhar quando alguém lhe vinha fazer uma festa na cabeça ou só tocar com a ponta dos dedos.
Viajar no Sri Lanka com crianças é fácil. As crianças são muito bem recebidas em todo lado. São acarinhadas e quase tudo é grátis para elas.
Achámos importante partilhar este episódio, para que não se espantem quando lá chegarem.
Houve algumas dificuldades pontuais em relação às infraestruturas de higiene, mas isso fica para outro post.
Bons Passeios!
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One Comment
Aconteceu-nos exactamente o mesmo na China e na Indonésia! As pessoas vinham ter connosco e pediam para tirar fotos connosco mas sobretudo com o Vicente. Também estranhámos no início mas depois habituamo-nos e já brincávamos com a situação.